Igreja na praia

"'A Igreja não faz férias!' É com esta determinação que o bispo de Aveiro, D. António Francisco, anuncia que vai estar em pastoral de proximidade durante todo o mês de Agosto, deslocando-se às praias, às comunidades piscatórias, romarias populares e termas.", in Correio da Manhã, edição On-Line, 28-07-2007

Ora aqui está um recomeço! Como é sabido, Jesus começou a recruta dos seus Apóstolos na praia. Na realidade podemos pensar que a Religião Católica nasceu aí, nesse local e nesse preciso momento.

Só existe um pormenor: as praias da actualidade são bem diferentes das praias de há 2 mil anos na Palestina. Quem é que acredita que se entrasse por uma das nossas praias adentro nos dias de hoje Jesus optaria por interpelar e tentar recrutar os pescadores, quando teria à disposição uma bela quantidade de sereias (algumas, talvez apenas à espera que lhe crescesse a famosa barbatana, já de seios expostos)? Basicamente os seus fiéis (é por isso que são também conhecidos como "os crentes").

Estou já a imaginar o Bispo de Aveiro - não ousarei especular sobre o tipo de vestimenta que usará na praia, mas decerto que será surpreendente para os outros banhistas - em plena Praia da Barra (a praia mais frequentada pela população aveirense) a abordar potenciais fiéis, que terão o potencial de chamar mais pessoas à Igreja (todos sabemos que em certas, ou talvez em todas, as idades as hormonas se sobrepõem a qualquer lógica e senso). Mal sabe ele que a maioria dessas pessoas são acima de tudo devotas daquela religião em que o ritual consiste em entrar num sarcófago 3 vezes por semana para orar (e também sairem mais escuros, mas isso não vem para o caso)!

Fácil é também prever que o Bispo de Setúbal esteja já a ponderar louvar a iniciativa e se não seria útil uma campanha do género no seu distrito, provavelmente na Praia do Meco. É que além disso essa campanha teria facilmente honras de reportagem na TVI (concerteza a recuperar a veia religiosa original da estação).